quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Um dia fui compositor -31

Um dia fui compositor...

Estava me preparando para o primeiro vestibular da vida.
Durante o dia trabalhava no Banco Real, agência Rua 24 de Maio. No período noturno pretendia fazer o cursinho do MED, na Rua Augusta.
Fiz minha matricula em abril de 1971.
Devido ao cansaço, no final de maio, já freqüentava pouquíssimas aulas após um dia de trabalho.

Acabei descobrindo um bar-lanchonete chamado Crazy Cat, no mesmo quarteirão do cursinho, logo depois da Rua Caio Prado.
Passei a freqüentá-lo ao invés de assistir as aulas.

Recém desfeito de um relacionamento juvenil, passava as noites na lanchonete, também freqüentado pelos alunos do MED nos intervalos.

Ai sair do trabalho e seguia a pé pela Rua Augusta para curtir minha solidão nas mesas do Crazy Cat onde fazia meu lanche regado a coca cola e escrevendo minhas poesias.
A cada dia novos desabafos saiam da minha cabeça, mas nada que valesse a pena contar, a não ser que eram doloridas.

Pouco a pouco a lanchonete foi sendo invadida por alunos que cabulavam aulas como eu. No fundo, se reunia um pessoal que passava horas fazendo um som com violão.

(foto arquivo gvive)
Acabei conhecendo uma garota de nacionalidade grega, chamada Poli.
Ela era uma pessoa com baixa auto-estima, se colocando como vitima e reclamando da vida. Mas eu escrevia e mostrava a ela.
Eu escrevia e mostrava a ela. E ela fazia o mesmo
Era uma troca-troca literária.

Por ser muito entrona, conhecia todo mundo e também fazia parte da turma do violão.

O pessoal do fundão passava boa parte do tempo compondo música em grupo na tentativa de colocar alguma delas nos festivais da Record e o Universitário da Tupi. O tema era música de protesto como era o estilo da época. E eu ficava no meu canto curtindo minha fossa rabiscando no papel.
Certa vez o pessoal atacava no violão na tentativa de elaborar mais uma música...estava no meu canto rabiscando, quando minha amiga Poli veio ver o eu fazia. A seu pedido, mostrei a ela o que escrevia.

Ela pegou a folha rascunhada e levou para ao grupo.
Em menos de um minuto, juntaram o conteudo do papel com a melodia e se puseram a cantar.
Distante dali, tomei um susto ao perceber meus versos naquela música.

Letra e musica se encaixaram perfeitamente naquela canção de protesto.
Sem querer querendo nasceu uma melodia que levou o nome Sem assunto

Terra Amada
Terra querida
Um dia quero vê-la crescida

Terra amada
Terra sofrida
Ainda vive esperando ser livre

Outrora fomos
Um belo quintal ( Portugal)
Passamos de vila a capital ( Império )
E a independência não terminou
Pois o gigante já despertou

O povo unido e decidido
De fraco passou a forte
E olhou para a bandeira
Jurou até a morte
Esperando pela sorte
Pedindo ao Senhor
Paz e Amor

Coro uouuuuuuuuuuuuo


Fizemos mais de 15 canções e alguns jingles nasceram da parceria Paulo Roberto Santiago (Sant.’s) e Luiz Carlos Marques(Luigy) ou ainda Sant’/Louis no período de 71 e 72.

Luigy 02/02/2012

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