sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Virada do Ano 1967 :Subindo a mais “Augusta” das ruas 23

Subindo a mais augustas das ruas 

Com um litro de Pernod Fils  a tiracolo, e meu amigo com sua garrafa de Cinzano, subimos a Rua Augusta completamente “tocados” em direção a Avenida Paulista.
Era 31 de dezembro de 1967.

O plano era passar o dia no Sitio dos Andradas, da família da minha então namorada
Iniciamos nossa jornada etílica na Galeria Ouro Fino devidamente calibrados rumo ao topo.
No caminho paramos para dar um abraço no amigo Waldomiro de Deus, o artista Plástico Primitivista, que teve a audácia de pintar um quadro da Sagrada Família vestindo Jesus com uma de bermuda e Sua Mãe, de mini-saia.

Waldomiro também usava mini-saia cabelo à lá Black Power para maior visibilidadade. Acabou sendo capa do Jornal da Tarde.
Nesse dia Waldomiro talvez estivesse meio atacado, deveria estar escondendo alguma gata e não estava pra muita conversa. Ao sacar o assunto, levantamos acampamento, desejando a ele um feliz 1968, sem saber que este seria o ano mais complicado para os brasileiros... 

Ele morava quase ao lado da HI- FI, onde tambem funcionava seu atelier. O HI-FI, era o santuário das músicas importadas, que municiava a guerra das rádios Excelsior e a Difusora na época.

Entre goles de Pernod e Cinzano nos colocamos novamente em marcha.
No meio do caminho paramos na Alameda Itu, endereço da turma que nos abrigava naquele tempo, e abraçar os amigos Vadinho, Magôo, Sandra e Dulce, todos embarcados na viagem rumo a Marrakech e pra lá de Bagdá...
Ali ficamos o tempo suficiente para dar um abraço geral na galera.
Seguindo em frente só parando no cruzamento da Augusta com a Paulista, esperando ali a chegada do Ano Novo.
E ali permanecemos tomando nossos drinques em ritmo de conta gota até esvaziar as garrafas.

A meia noite em ponto, nos abraçamos e a todos que passavam por ali.
Fizemos uma algazarra junto com o buzinaço de quem passava.
Algumas pessoa lançavam serpentina e confete nos passantes.
Nos divertimos um bocado.

Duas horas mais tarde, o fígado do meu amigo acusou fragilidade...
Seu estado era lastimavel. Um bode total. 
Completamente fora de si, ele tomara uma postura de forma ereta, para logo em seguida seu corpo pender para a frente fazendo as mãos encostarem no chão, mas sem cair.
Em seguida retomava a posição de "sentido", para depois pender o corpo novamente para frente encostando as mãos no chão. Por mais de meia hora ele ficou se repetindo.
Parecia um polichinelo variando do dramático ao hilário.

Passava das 4 horas, quase amanhecendo. Me lembrei que ainda tinha o dia cheio pela frente...

Nesse momento, ouço uma voz: “sujei nas calças”. Caraca.
Era tudo o que eu não queria ouvir.

Rapidamente deu pra sentir que alguma coisa tinha acontecido.
Assim como um incenso, aquilo tomava conta do ar.
Me deu pânico ao pemsar como iria levar o cara pra casa, todo travado e ainda por cima, com “a mala cheia”.
Precisava encontrar uma solução para o caso e também sobre minha ida para o sitio.
O ‘’perfume” se esparrava ficando cada vez pior, difícil de agüentar.

Com muito custo consegui encontrar um taxi que topasse a empreitada.
Falei com o motorista, que ele o "amigo" havia vomitado e que precisava levá-lo para sua casa na avenida Sto Amaro. Após discutirmos o preço com uma boa gorjeta, ele topou.
Coloquei ele no banco de trás do Ford Mercury abrindo todas janelas abertas e fui na frente com o nariz pra fora.

Chegamos ao prédio que ele morava.
Apertei a campainha. Assim que a porta se abriu, surgiu a figura do pai que perguntava: O que havia acontecido?
Enroladamente expliquei que ele havia bebido umas doses a mais e coisa e tal...
dai o estrago.
Ajudei-o entrar até o meio da sala. O pai dele disse que iria colocá-lo no banho...
Era a dica para cair no mundo.
Passei o dia no sitio extremamente preocupado com o desenrolar da história, pois ambos éramos ainda menores de idade...
Não consigo me lembrar de nada do que aconteceu no sitio, somente das felicitações que recebia: Feliz ano novo, Feliz 1968, quando completaria 18 anos.
Ainda bem que tudo isso agora é passado.
Feliz ano novo para todos !
Um feliz 2@12 para nós todos

Luigy
06/01/2012

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