sábado, 25 de fevereiro de 2012

Minha primeira vez...com a namorada no cinema -43

Cedo na vida fui impactado pela sétima arte.
Aos seis anos de idade, descobri o cinema e ele me descobriu
Minha primeira sessão de cinema aconteceu numa exibição de rua como foi relatado em uma história o anterior publicado no site São Paulo Minha Cidade com o nome de cine paradiso minha primeira sessão de cinema.
Tal experiência me deixou encantado e deu asas a minha imaginação.

Ao passar da infância para adolescência ganhava autonomia para fazer minhas próprias escolhas de onde ir, assistir o quê, e com quem? 

Além das festinhas improvisadas de garagens e dos bailes de aniversários situações onde se podia dançar e se aproximar de uma garota, eram nas mantinês o local predileto pelos meninos para aprendizado e aperfeicomento dos beijos.
Depois da ansiedade e insegurança do primeiro beijo, os demais aconteciam se resistência.
A duração de duas horas de uma sessão de cinemahoras de duração no escuro era tudo que os jovens queriam para esse aprendizado, de preferência para quem já tinha sua 'sweet girl".
Mas nem sempre as coisas aconteciam como se esperava.

Nesse momento da vida estudava no vocacional, uma experiência maravilhosa em escola pública em período integral nos anos 60 que aconteceram no estado de São Paulo. Fui da 2ª turma de 120 alunos que passaram no exame de seleção. Entrei no ano de 1963.

Já no primeiro dia era feita uma gincana de acolhimento e integração de novos e velhos alunos e tambem com os professores.
Aconteciam brincadeiras com a intenção de colocar os recém chegados bem a vontade

O trabalho em equipe ocupava praticamente todos os momentos de estudos e salas de aulas no curriculo da escola. Quando havia entrosamento além da conta, as equipes, almoçavam e brincavam juntas, estendendo uma amizade além dos muros da escola.
Até então, meninas e meninos estudavam em escolas separadas ou classes separadas.
Para a maioria, o fato de estudamos juntos, fazia parte de um novo aprendizado.
Para os meninos, um cuidado especial em relação a determinadas brincadeiras e para meninas, se desgrudarem umas das outras.
Além das atividades em classe, saiamos em Estudo do Meio fora da escola dentro do período de aula fazendo pesquisa de campo, visitas ou entrevistas de acordo com determinados trabalhos.
A convivência diária dos dois sexos abria uma nova visão de vida para todos. Além de estudos, almoços, também aprendíamos danças regionais e saiamos em viagens em conjunto.

Viver lado a lado com garotas o dia inteiro era ao mesmo tempo uma delicia e um desafio. Dificil era prestar a atenção nas aulas.

Namoros e namoricos eram normais dentro da escola sem grandes preocupações dos professores, a não ser que determinado aluno deixasse de ir bem em suas avaliações. Quanto ao resto, corria tudo em paz.

De repente éramos flechados por algum cupido.  

Foi ali nessa escola que aconteceram minhas primeiras e mais significativas experiências afetivas de jovem.

Minha equipe era formada por 3 meninos e 2 meninas. As duas eram muito bonitas e cada qual tinha o seu charme. Uma delas tinha olhos azuis e a outra tinhas olhos cor de mel.
Inicialmente me interessei pelas duas, talvez pela questão da beleza. A de olhos azuis era falante e provocativa. A outra tinha um olhar meigo e um sorriso cativante.

De repente surge um interesse mutuo. Em conversas no corredor da escola alguem soltou que havua uma garota interessada em mim. Fiz minhas sondagens e descobri que era essa mesma pessoa que estava interessado.
Apesar de nossa convivência diaria de trabalho e estudos, falar diretamente de um outro assunto que você estava envolvido não era fácil. Sondei uma amiga dela para saber das possibilidades de uma investida erro.
Essa amiga comum disse que eu teria passe livre.
Um encontro para uma conversa séria foi marcado para depois da hora do almoço bem longe dos olhares da maioria.
Na hora certa e momento certo nos encontramos. Tentando controlar minha fala e acabando por enrolar a língua a pedi em namoro. E ela prontamente aceitou.
E ai?
Eu não sabia o que fazer.
Acabei agradecendo o sim e dei um beijo no rosto. Acho que ambos ficamos vermelhos.
Com o assunto resolvido, entendemos que deveríamos voltar ao convívio de todos.
Ao voltarmos percebemos que éramos observados por uma grande platéia curiosa de colegas de nossa classe. Alguns assobiavam e outros gritavam como se tivesse acontecido um gol.
Profundamente envergonhados, retornamos cada um foi pro seu canto.

A partir desse dia passamos a nos sentra um ao lado do outro, nos trabalhos em equipe e no almoço.
Tambem nos corredores e na hora da saida para pegar o ônibus para casa, ficávamos juntos na espectativa de ficar de mãos dadas.

Acabamos ficando num grude. Em algumas aulas era possível ficar de mãos dadas invertendo mão direita dela com a esquerda minha, debaixo da carteira.
Ambos fomos fisgados pelo cúpido.


Durante o dia nos movimentávamos pela escola inteira, pois cada disciplina tinha sua sala especifica. Matavámos nossa vontade de tanto andar de mãos dadas. Mas beijo que é bom, tava difícil, pois não queríamos dar bandeira.
Como quem procura acha, acabamos encontrando um momento perto da biblioteca 
ao subir para o andar superior percebemos que não havia ninguém no nosso campo de visão.









Entendi que era o momento certo e num abraço apertado trocamos um longo beijo teatral.
Não sei quanto tempo durou. Perdemos a noção.
Pra disfarçar eu subi e ela desceu para nos encontrarmos no pátio.

Minha cabeça rodava sem parar. Era emoção demais.
Acabei indo ao banheiro jogar água no rosto pois achei que minha temperatura tinha subido e meu rosto vermelho acusava isso.

Para não sermos pegos no flagra combinamos em ir ao cinema na primeira oportunidade para matar nossa vontade.
Como ela morava na Brigadeiro Luis Antonio combinamos um cinema perto da casa dela.

Domingo, 15 minutos antes de começar a matinê (14:00) lá estava eu.
De longe percebi sua silueta. Percebi que a seu lado estava uma colega do gv que eu conhecia.
Até ai tudo bem.

Ao me aproximar, mais uma menina se apresenta, como acompanhante, era sua irmã mais velha.

Fiz o que pude pra disfarçar, não sei se consegui?.

Acabei pagando a minha entrada e a dela.
Quando surgiu a oportunidade ela tentou me explicar que ao sair de casa, sua mãe fez pé firme que a irmã mais velha a acompanhasse ao cinema.
O combinado era levar uma amiga para ter passe livre com sua mãe e ficar de vela.
Bem na época eu tinha 13 e ela 12 anos.

Como o cinema era perto da casa dela, não me preocupei em saber o nome do filme.
Entramos e sentamos juntos. Mas ao lado dela sentou-se a irmã.
Percebi que meus planos estavam perdidos.
Tentei ficar de mãos dadas, mas a irmã ficava de antena ligada.
Resolvemos usar o mesmo artifício usado na escola usando as mãos invertidas. E assim ficamos o filme todo.
Sem ter outra coisa para fazer, acabei prestando atenção ao filme.
O filme era um espécie de documentário sobre um cachorro lobo Nik o valente indomável.
Tive certeza que não haveria qualquer tipo de beijo incentivados no filme.

Saímos do cinema com a ponta dos dedos doendo de tanto apertamos um ao outro.
Nos despedimos cordialmente, ambos frustrados.

Toda minha expectativa de usar os meus truques de beijos tinham ido por água baixo.
Voltei pra casa arrasado.

Namoramos durante um ano. Desmanchamos e reatamos sete vezes.
Mas nunca conseguimos ir novamente ao cinema.

Luigy 

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