sábado, 24 de dezembro de 2011

Primeira poesia - parte II - 22


Tinha quase 8 anos,
quando descobri o amor
Não sei se ele me descobriu
Me abri todo para ele,
mas o amor para mim não se abriu
Foi muito doído
Fiquei dolorido

Mais tarde tentei novamente encontrar o amor
Agora já havia correspondência
Mas era amor de criança
Ainda era amor de inocência
Sentia amor tão grande
Que não cabia dentro de mim
Tinha vontade de colocar ele pra fora
Para mostrar pra todo mundo

Da mesma forma que um bebê
Que não sabe falar, ele chora
È difícil entender o que quer um bebe
Geralmente o bebe acaba ensinando
a sua mãe sua linguagem que ela possa entender

Também tive dificuldade pra dizer o meu amor
Até hoje ninguém entendeu.
Naquele tempo tentei fazer poesia
Mesmo sem saber
Devora livros pra aprender
E “aprendi” rapidinho a poesia de um poeta

E assim cheio de letras bonitas eu mandei
Numa folha de almaço
Parte do meu sentimento
Misturadas com a do poeta

Eram palavras bonitas
Devotando um grande amor sincero
Mas a guria na verdade era esperta e logo percebeu
Disse:Este verso não é teu...

Caiu a minha cara.
Morri de vergonha
Deixei de ter uma namorada
Fiquei feito um pamonha.

Mas não me dei por vencido e
E nem por vendido
Mais livros eu fui ler
Até que um dia descobri
A arte de poetar...

Tempos depois encontrei uma frase que salvou a minha vida
Li em algum lugar o ditado de um sábio Francês:
“Comecei copiando, um dia acabei criando”.
Eu ainda não sabia.
Mas este era meu segundo degrau.          


Luigy

Minha primeira poesia (copiada) 21



Aos 7 anos, freqüentando o primeiro ano escolar, me descobri interessado no amor.
Era algo não correspondido, pois nessa altura da vida, meninos e meninas se colocam como quase inimigos, de gangues diferentes.
Por mais que tentasse alguma aproximação, acabava sendo rejeitado por toda a turma das Luluzinhas. Aproximar-se era uma declaração de guerra.
Ao contrário da maioria da turma do Bolinha, desejava ter acesso a turma da Luluzinha para desfrutar as coisas boas do amor como pegar na mão, roubar um beijo... coisas que a gente aprendia nos filmes.
A coisa não vingou, mas ficou em mim aquela sensação de querer mais.

Mais adiante, uma nova tentativa de aproximação em uma outra menina.
Já sentia algo dentro de mim no sentido de expor meus sentimentos em relação a um ser do outro sexo.
Sentia vontade de expressar sobre meus sentimentos, mas não tinha o domínio da língua...
Gostava de ler e sentia certa satisfação ao encontrar alguns poemas que tocavam no assunto do amor.
Encontrei uma que vinha de encontro a tudo que parecia sentir e tentava dizer...
Passado a limpo em papel almaço, a poesia foi enviada para alguém que fazia meu coração pulsar mais forte.
Tive o cuidado de colocar em um envelope e fiz chegar até a pessoa

Dias depois, recebia de volta o envelope com uma cartinha anexa.

Prezado Sr. Rui Barbosa,

Gostei muito de sua poesia, pena que o Sr. esta sendo copiado.

Fulana de Tal.

O céu caiu sobre minha cabeça.
A farsa fora descoberta e eu longe de ser um poeta.
Aquilo caiu fundo. Fui desmascarado como poeta...


Durante algum tempo fiquei mudo em relação ao mundo exterior.

Mas um dia descobri um ditado de um sábio francês que dizia: “Comecei copiando, mas um dia acabei criando minhas próprias criaturas...”


Entrando na adolescência, certa vez me peguei cantarolando uma música de carnaval e passei o dia com ela na cabeça a ponto de dar continuidade na letra inventando uma seqüência.
Acabei me dando conta que fizera rimas interessantes para quem nunca tinha conseguido  fazer.
Neste momento, aconteceu a grande revelação: a descoberta sobre como escrever e que isso seria possível.
Se eu conseguiria agradar o mundo exterior, isso era um outro problema.

Depois disso escrever deixou de ser um parto para vir alegria e desabafo.   

Venho escrevendo desde então.

Fiz poesias para muitas amadas.
Nunca soube se elas gostaram ou não,
Pois acabaram esquecidas


Fiz poesias, acrósticos, letras de músicas para algumas namoradas
Acho que deram pouca importância, pois logo foram esquecidas.  
Em geral as mulheres reclamam dos homens de serem pouco românticos.
Nossa reclamação também procede que o que escrevemos logo é esquecido. 


Luigy 24/12/2011     

As Sete Maravilhas do Mundo - 20

As Sete Maravilhas do Mundo em minha modesta ótica
1ª - A Manifestação da Vida : O nascimento de um ser (seja homem, animal ou uma semente...  é mágico!!!)

2ª - A Percepção do Crescimento em si... (seja físico / Emocional ou Intelectual) 

3a - O Despertar da Consciência.  (de um momento para outro, algo que você não sabia ou não entendia, explode - Fiat Lux...)

4ª - A Busca... o prazer de buscar, de pesquisar, de conhecer, de descobrir algo antes não imaginado, as dificuldades surgidas no caminho, enfim o próprio caminho. 

5ª - A Persistência - apesar dos insucessos, o impulso de continuar a busca...

6ª - O resultado da busca, a descoberta do tesouro, após tanto esforço você  viu que não foi em vão...



7ª - O "Encontro"...ou seja aquilo que descrevem os Poetas, os loucos, os Santos  e os Yogues!  A Iluminação, A Consciência Cósmica (Os Estados alterados de  consciência )

Eu ainda não cheguei lá, mas tenho a convicção que isso é uma realidade...)
Nao cheguei lá, mas sei que é possível chegar!

Luigy 24/12/2011  

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Refletindo sobre Minhas Idas e Vindas - 019


Demorei para chegar,
Demorei para entender
Demorei para aceitar
Demorei para ser chamado
Demorei para tudo
Demorei para encontrar
Demorei para ser encontrado
Quando encontrava,
Era deixado de lado

Desde de cedo me esforcei para o entender o mundo.
Tentei me entender e continuo tentando...

Mas não é uma tarefa fácil.
Talvez voltar de novo para fechar o ciclo.

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Frases marcaram a minha vida:
1 - “De onde vim, Onde estou e Para onde vou...?”

2- "A morte não encerra a vida.
A vida e a morte se misturam...
Talvez sejam apenas os dois lados da mesma moeda."

3 -"Do lado de cá fica mais difícil ver como é a vida de fato"

4- “Há mais mistérios entre a vida e a morte
Do que a nossa vã filosofia...”

5- Olhando o firmamento pensei:
Estaremos sozinho perante ao universo?       

6- “Talento todo mundo tem, o difícil é descobrir para que?”

7 - Um dia descobri um ditado de um sábio francês que dizia:
“Comecei copiando dos outros, um dia acabei criando minhas próprias poesias”.

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Fiz poesias para muitas amadas.
Nunca soube se elas gostaram.
Pois acabaram esquecidas.

Fiz poesia, músicas e versos,
Tentei pintar, mas faltou talento.
Quis plantar, faltou chão.
Um dia quis criar juízo,
mas não sabia o que ele comia...
Desisti.
Quis criar tartarugas.
Tentei,
Ficou no sonho.

Quis tanta coisa, mas acabei abandonando pelo caminho.
Fui mais abandonado do que abandonei
Me dei muito, ao entrar de cabeça e me dava mal.
Amei e Sofri,
Sofri e amei
Ah! Como demorei para entender.

O amor é como um imã
que precisa de duas peças ou duas polaridades para atração.
No inicio é uma luta para não desgrudar
Cada um tenta fazer o máximo para continuar o grude.
Com o tempo, entra a razão
Dando a interpelação dos prós e contras
Avalia as necessidade e prioridades
E lá se vai mais um...
             
Demorei para chegar,
Demorei para entender
Demorei para aceitar
Demorei para ser chamado

Demorei
Nove anos para nascer.
Demorei mais que nove meses para sair

O aparato (a nave mãe) que deveria me abrigar
Ainda não estava pronto,
Por isso demorei
mais de nove anos para sair
Sete ciclos de 7 anos para me descobrir
Queria ter sido gêmeo.
Acabei filho único

Escrevi, escrevi
Tentei ser agradável, tentei agradar a todos
Esqueci que deveria me agradar.
Tanto tempo para aprender
Só então percebi, que a pessoa
que deveria ser agradada, ERA EU.
Agora esta quase no fim.

Quis tanto
Hoje quero pouco
quero tudo simples.

Fiz poesias e fiz canções
Amei e fui pouco amado

Minha vida sempre foi pródiga em ironias
Minha primeira namorada
Um dia virou a casaca
Ou melhor, virou sapata
Caraca...

Pelo menos eu não virei nada
Segui o rumo e o curso
Nasci, cresci
E a evolução continua
Luigy (2009)
22/12/2011

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Diversões Escolares - Avistamento no telhado -18


* Em 1960 a Editora Abril lançou duas revistas: "4 Rodas" (carros) e "Diversões Escolares" (para a criançada em idade escolar).
A primeira circula até hoje e é a mais importante publicação da sua           
àrea . Com a outra, esse sucesso não ocorreu: durou poucos anos.

No começo de 1962, na tentativa de melhorar a vendagem, seu nome foi  
mudado para Diversões Juvenis. Isso não teve o efeito desejado.     
Agüentou  mais ou menos um ano e acabou de vez.
Essa vida curta talvez seja explicada pelas características da revistinha
(servia, até, para pesquisa escolar, dado o seu conteúdo  educacional)    http://www.anosdourados.blog.br/   
                                            
Quando criança tive o privilégio de conhecer a revistinha Diversões Escolares e manter a coleção até seu prematuro fechamento. Apesar do cuidado com elas, acabei perdendo todas em 1970, quando morava na avenida Santo Amaro e sofremos uma enchente.
Desde então sobreviveram apenas em minhas memórias.
Tinha então de nove para dez anos quando ela surgiu.

Durante mais de dois anos me diverti e fui sendo instruído.
Ela nutria a curiosidade insaciável de minha mente sempre trazendo assuntos que abriam novas fronteiras para o meu conhecimento.   

Ela não era uma revista cara e tinha periodicidade mensal trazendo sempre assuntos interessantes, diferentes e até inovadores, tanto é  que virou uma febre entre a gurizada.
Foi por meio dela que descobri assuntos instigantes como Arqueologia, Astronomia, o Cometa Haley, a Ilha de Páscoa, as Pirâmides do Egito, o Tibet, como o velho Teto do Mundo, a descoberta de Machu Pichu, como novo teto  do mundo, as Muralhas da China e uma infinidade de outros temas instigantes.

Era uma revista que divertia instruindo.
Durante aquele período foi a bíblia que me levava a outros patamares.
Assuntos sobre o passado como descobertas arqueológicas e civilizações antigas chamavam muito minha atenção e por outro lado, a astronomia, estrelas e a possibilidade da existência de vidas em outros planetas me atraiam e me levavam a muitos questionamentos já naquela idade.
Foi ali que ouvi falar em discos voadores pela primeira vez.

Foi justamente nessa época que os jornais estampavam em letras garrafais:
DISCO VOADOR EM SÃO PAULO.
Passei a acompanhar essas noticias pelo jornal. Mas quase nunca traziam algo que matasse a minha curiosidade, pelo contrário só trazia mais angustia.

Na mesma semana passou na TV, o filme O Dia em que a Terra Parou. Isso trouxe mais  expectativa ao assunto.

A matéria da revista, os artigos do jornal e o filme na TV me deixaram em alerta.
Tentei conversar com algumas pessoas, mas sem resultado algum.

Se os jornais diziam que não era fácil tentar ver os discos. Diziam que seria preciso muita observação noturna.
Eu era fascinado pelas estrelas e na época já conseguia distinguir quase uma dúzia de constelações graças as minhas idas ao Planetário do Ibirapuera. Essas visitas me ajudavam muito na localização e visualização das constelações que cheguei a ter um pequeno binóculo.

Sem que ninguém soubesse fui arquitetando um plano: fazer um acampamento no telhado de casa e varar a noite a observar o céu em busca de alguma evidência.
Sorrateiramente aprontei um pacote contendo cobertores, comida e binóculo para passar a noite em observação.

No dia apropriado, esperei a hora adequada e me pus em pratica.
Com bastante comida e refrigerante me acomodei em local que não recebesse luz diretamente.

Passei horas me distraindo em perceber as diversas constelações e algumas estrelas de  primeiras grandezas.
Mas a minha expectativa era outra, e isso me deixava inquieto e só me fazia comer e beber.
A posição era incomoda, e o melhor jeito era ficar deitado e ficar de olho aberto a qualquer fato inusitado ou ocorrência.
Muito tempo passei ali no telhado e acabei por adormecer sem nada ver

Acordei com os primeiros barulhos da rua e consegui descer sem que ninguém percebesse a minha loucura em busca das naves extraterrestres.

Mesmo sem quebrar telhas ou cair do telhado acabei por entender que havia cometido uma grande besteira ao acreditar que poderia fazer algum avistamento.

Passado mais 50 anos, ainda  não consegui ir adiante na questão.


Felizmente esse relato ficou guardado e restrito as minhas memórias e somente hoje esta sendo revelado a publico, o meu não avistamento.

Luigy 20/12/2011  

domingo, 11 de dezembro de 2011

EQM -Fronteira da morte, a vida depois da Vida.17

Uma experiência em EQM, Rio de Janeiro fevereiro 1974 - Carnaval

Quem sou eu? De onde vim, onde estou e para onde vou?
Bem cedo essas perguntas começaram a me intrigar em buscas de respostas...

O relato a seguir aconteceu logo após a história “minha lua de mel  na Praia Grande” (janeiro 74)

Logo após o ocorrido na a *Lua Mel (janeiro de 1974), ja me prepaarava para o carnaval. (*relato já publicado no site São Paulo Minha Cidade)
Colocamos na cabeça sair de São Paulo em pleno carnaval para conhecer a cidade maravilhosa, sem qualquer planejamento.
Neste momento curtíamos a onda de acampar.
Qualquer feriado prolongado era motivo para colocar a mochila nas costas e a barraca nos ombros e cair na estrada. De trem, ônibus ou de carona.

Combinamos com outro casal amigo, Wanderley e Beth, dos quais, depois acabamos sendo “cumpadres”.
A idéia surgiu na quarta feira que antecedia o feriado.

Na sexta feira ao meio dia já estávamos dentro da antiga rodoviária perto da Julio Prestes cientes de que não havia mais passagens direto para o Rio.
Para superar o obstáculo, a solução era seguir fazendo baldeação de cidade em cidade com a intenção de chegar ao Rio.
Saímos às 13 hrs rumo à cidade de São Jose dos Campos. Chegando ali trocamos de carro e seguimos para Taubaté. Dali baldeamos para Resende. E de Resende conseguimos passagens para Niterói com chegada 1:30 de madruga de sábado. Foram quase 12 horas de viagem!
Cansados resolvemos procurar um hotel em pleno carnaval.

Tudo lotado.
Barra da Tijuca era o nosso destino e acampar no clube do CCB de quem éramos sócios.
Em Niterói o único lugar que encontramos foi um hotel de curta permanência com dois quartos disponíveis. Com pena da gente cederam as duas vagas.
Entramos às 3 horas e lá pra 6 fomos acordados para desocupar os quartos, pois a demanda havia crescido.

Tomamos café próximo às barcas de travessia e rumamos para a Barra da Tijuca. Por volta do meio dia chegamos ao clube.
Chegamos a portaria do camping mas não pudemos entrar pois estava tudo lotado. Lotadaço. E não havia vagas para forasteiros. Os cariocas tomaram tudo.
Que fazer? Voltar? Não havia ônibus.
Estávamos cansados, moídos e irritados.
Resolvemos tentar uma saída e fomos bater num motel perto do camping.
Logo na entrada um placa Motel Luar da Barra.
Com muita cara de pau batemos lá.
Entre verdades e mentiras dissemos que nosso carro havia quebrado em Niterói, perto da Balsa. E o conserto somente seria possível na quarta feira de cinza.
Era Carnaval.
O gerente muito simpático alegou que seria impossível tal possibilidade dizendo que ali era um motel.
Choramos as pitangas.

Sentimos que ele tinha sido tocado, pois éramos dois casais com certidão de casamento e tudo mais.
Disse que estávamos em lua de mel percorrendo vários estados, mostrei minha certidão de casamento com apenas um mês de casado. A mentira colou.

Para não dizer não em nossa cara, ele fez as contas e chutou um preço alto contando com nossa desistência.
Topamos na hora, pois não havia o que fazer.
Ficaríamos ate 4ª. feira de cinzas.
E assim foi feito.


Um acontecimento acabou marcando profundamente nossas vidas


Domingo de sol, praia cheia, camarões, cerveja e biquínis para encher os olhos da gente.   
Na época eu fazia faculdade de Educação Física e estava bem fisicamente

Estávamos na praia da barra, onde as ondas eram fortes e conforme os nativos, quebravam tipo caixote.

Brincávamos na água na altura da cintura. De quando em quando ondas altas  pegavam muita gente desprevenida.

Numa sequência de ondas, fomos pegos por uma onda mais forte que derrubou todo mundo.
Nem bem ficamos em pé, fomos colhidos por outra mais forte ainda...

Era onda atrás de onda e que levava a todos rolar sem parar pra cá e pra lá
Surpresa, desespero e a impotência para lutar contra as forças da natureza
Fiz várias tentativas para me colocar em pé, mas que pareciam todas em vão.

Por mais que tentasse não conseguia obter resultados, o cansaço deu sinal.
Tentava nadar mas não saia do lugar e nada de ver a situação melhorar

Sentia que vinha uma onda atrás da outra.
Dava ordens para minha mente para continuar a dar novas braçadas, mas o corpo não reagia.
Tentava esticar os braços, lutando com a força das ondas, mas não obtinha resultado algum.
Continuei tentando, tentando...
Dei conta que as forças físicas, já não obedeciam aos comandos mentais
Não via ninguém perto de mim, a cena da praia havia sumido.

Foquei então meu pensamento em Deus e pensei:
Pai, um dia me deste a vida.
Coloco novamente minha vida em suas mãos.  


As cenas daquela tragédia desaparecem de minha preocupação.
Em seu lugar surgem "flash backs" mostrando passagens de minha vida vividas até então como filme com cenas de meu casamento, os presentes e o nosso apartamento rodavam como se fosse um calendoscópio.                  Surge um tunel
Então novamente o cenário muda por completo. Some o desespero. Surge a calma.
Me vejo dentro de um túnel ou caverna com um tipo de luz amena.
Ao largo vislumbro pessoas indo e vindo em várias direções. Boa parte com roupas fora de moda.
Eram recebidas como se estivessem para adentrar num grande evento.
Pessoas carinhosas recebiam a todos.   

Alguém que vem em minha direção e pergunta se estou bem.
-Digo que sim!
Pergunta se estou em paz?
-Respondo que sim!
Uma nova pergunta: Preparado para seguir em frente? Quer avançar?  

Um reflexão me vem a mente. E me dou conta que ainda não havia terminado a faculdade, não tinha uma profissão definida, havia casado porem não tinha filhos ainda.
Experimentava ali um tipo de paz jamais imaginada.
Estava lúcido, em paz e feliz.
Disse que me sentia maravilhosamente bem.

Tentava descobrir quem era meu interlocutor, mas não conseguia pois era algo etéreo.  

Confirmei que me sentia feliz e que gostaria de seguir em frente, ao mesmo tempo algo me dizia que algumas coisas ainda seguiam incompletas, que não havia construído nada... 

Fui perguntado sobre o que desejava fazer então.
- Afirmei que me colocava novamente nas mãos de Deus e aceitaria de bom grado qualquer solução.
Ao terminar de dizer essas palavras tocando o nome de Deus... todo aquele cenário desaparece num piscar de olhos.
Na cena seguinte: me vejo saindo da água em direção a praia de mãos dadas e sorrindo, sem entender o que acontecia.    
Rimos todos por algum tempo sem qualquer tipo de explicação.
Sempre li muito, mas jamais havia lido algo parecido.
Tempos depois alguém falou a respeito dizendo: ter sido uma experiência próxima do que chamam de morte ou perto do Portal do Umbral.

Anos mais tarde, caiu em minhas mãos um livro chamado Vida Depois da Vida, de um médico canadense. Nele havia relatos de casos recentes e antigos de centenas de pessoas com episódios iguais ou parecidos.
Ele era médico em um hospital que teve contato com inúmeras pessoas que voltaram dessa ‘viagem” trazendo diversos detalhes que mostravam um padrão comum.     

Para mim foi a maior experiência de minha vida.

O que ficou de tudo isso para mim?
- perdi aquele medo que todos temos em não querer enfrentar a morte e o medo de morrer. Passei a entender a morte como algo parecido como acordar, dormir, acordar e assim por diante... e estarei pronto a qualquer momento que for chamado.  
- que é possível experimentar a paz.
- que a vida não termina com a morte física. E que é possível existir a consciência depois da morte.
- que os desejos e inquietações de quem morre, continuam e não cessam...
- que existe algo além de nossa pequenez
- que este experimento me fez acordar para a vida e descobrir como atuar e melhorar minha auto estima. Deixei de ser passivo na vida tomando as rédeas e controle de meus destino abandonando o piloto automático.
- consegui abrir os olhos para outras dimensões e perceber anjos disfarçados em pessoas em momentos da vida dando sugestões de caminhos... 
- Anos depois entrou em minha vida uma madrinha espiritual com quem troco experiências 
- Fui estudar psicologia, para buscar o lado racional dessa experimentação, mas encontrei uma ciência parada nos século xix


No momento seguinte, eu me vi tentando colocar os pés no chão e sem conseguir.
Avistei perto de mim, a Imma, minha mulher e minha comadre Bety. Vi que elas estavam desesperadas tentando tomar as rédeas da situação. Por diversas vezes tentei ajudá-las empurrando-as para a praia.
Fiz várias tentativas que pareciam em vão. Sem obter resultados, o cansaço deu sinal. A partir de então passei a cuidar da minha situação que não era boa.
Tentava nadar e não saia do lugar e nada de ver a situação melhorar.

Dava ordens para minha mente para continuar a dar braçadas, mas o corpo não reagia.
Tentava esticar os braços, lutando com a força das ondas, mas não obtinha resultado algum.
Continuei tentando, tentando... Já não via ninguém perto de mim.

Minhas braçadas eram cada vez menores.
Fui me sentindo cada vez mais fraco e neste momento de aflição recorri a DEUS.
Pensando NELE falei: PAI, VOCÊ me de deu a vida. Neste momento, minha vida está em suas mãos.

Um Filme então se desenhou perante meus olhos: Cenas de minha vida, o apartamento que havíamos montado, os móveis comprados. Tudo isso passou ante os meus olhos como se fossem Flashes.
        
Sem mais sem menos, tudo mudou, acabaram-se os flashes, a praia e todos sumiram. Cessaram o desespero e a gritaria
Agora a sensação era de calma e tranqüilidade. O medo se fora.

Tento entender o que acontece e onde estou. Percebo que estou em algum lugar não muito claro, diferente da luz da praia.
Parece que estava em algum lugar que lembrava uma penumbra, mas sem saber nada.
Miro a minha frente vejo algo que parecia uma porta de entrada...
Me aproximo dela e a iluminação vai clareando.
Percebo estar numa porta de entrada muito ampla levemente iluminada como se fosse luz de vela.
A sensação era boa e ia melhorando cada vez mais.
Parecia que estava num local parecido túnel ou uma caverna muito grande e alta. Não se conseguia ver onde começava ou acabava.
Havia inúmeros deslocamentos indo e vindo, mas eu só distinguida as silhuetas.
Alguém, com uma energia muito forte e serena se aproximou e me fez perguntas:
Tudo bem com você?
Respondi: Estou ótimo, nunca estive melhor!
                A sensação que experimentava era a melhor possível.
De novo perguntaram: O que você quer? Seguir em frente ou voltar?
Por um instante me dei conta de minha situação.
                Minha resposta foi que experimentava ali algo indescritível, maravilhoso e que jamais soubera que fosse possível existir. E que adoraria continuar.
E de novo outra pergunta: Já decidiu o que pretende fazer?
                Esta pergunta trouxe de volta um chamamento, a responsabilidade talvez.
                E respondi mais ou menos assim: Gostaria de seguir em frente, porem há coisas que deixei por terminar. Me casei há pouco tempo e nem filhos eu gerei. Ainda não me formei e nem sei o que quero fazer da vida. Parece que até então só estive brincando na vida. Porém pensando bem minha vida está em falta... Não sei o que fazer. Coloco minha vida novamente nas mãos de DEUS.
                Ao dizer a última palavra a cena toda mudou. Minha percepção agora era que estava saindo da água com ela na altura da canela. Eu estava de mãos dadas com a Imma e dando risadas do susto que passamos.
                Os quatro passaram mais ou menos a mesma situação, cada um com suas peculiaridades.
                Trocamos alguns comentários por algum tempo, depois o assunto sumiu de vez.

Somente alguns anos depois caiu em minhas mãos um livro chamado Vida depois da Vida.
Após terminada a leitura me dei conta do que havia acontecido e que muitas outras pessoas haviam passado por situações parecidas.

Foi então que percebi as situações semelhantes que pessoas haviam  descrito eram as mesmas que eu havia percebido, por exemplo: Túnel ou cavernas que terminam em luzes
 "Indescritível" é o adjetivo que mais aparece nos relatos de EQMs. A experiência é inefável - impossível de ser reproduzida com fidelidade em palavras. Ao que parece, a comunicação flui sem linguagem, os sentidos não atuam do jeito regular e nada se assemelha muito às coisas deste mundo.
A sensação que fica só pode ser descrita por alguém que tenha passado pela mesma viagem. Os depoimentos são semelhantes, mas nunca iguais. O túnel, descrito por tantos, assume formas diversas.

Ponderações após o acontecido:
Parei de brincar na vida e com a vida. Mas nunca deixei de levar a vida com alegria.
Tenho a crença de que a vida não termina com a morte física. Nossas lembranças, nossas sensações e 
nossa ansiedade não cessam.
Meus valores abstratos aumentaram.
Fiquei mais desprendido da ganância dos valores materiais e fazendo melhor uso deles.                                      
O medo da morte se evapora. Fica uma postura sensata dos que escaparam de morrer por um fio.

Acredito ter ganho uma nova chance para poder atuar com maior discernimento, poder retomar antigas lutas e tambem estar aqui para contar mais uma história.                                                                               Sei que alguns poderão contestar tudo que foi dito. Mas isso fica no campo da crença de cada um.
Trata-se de uma experiência indescritível, isto é, que não a experimenta fica sem poder de avaliação.
O mesmo se pode dizer em relação ao ato sexual, uma experiência com LSD, pessoa que foi sequestrada, ter levar um tiro ou quase morrer afogado. 
Somente quem experimenta é pode ter argumentação para ser a favor ou contra. Firmar um ponto de vista baseado apenas na fé que alguem lhe tenha imposto, nao pode e nem deve servir como de ponto de vista pessoal. 
Luigy