terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os Caras Mudaram o Mundo -29


Calor forte marcando 30 graus castigava quem estava nas ruas do centro da capital paulistana naquele verão de 1964.

Subia a Avenida São João, a procura de filmes para minha idade ( 14 anos).
Parei em frente do Cine Art Palácio esperando encontrar algum que fosse bem interessante. Estava cartaz uma comédia muito louca com o nome de: Deu a louca no mundo.

Entretido nas fotos do cartaz, meus ouvidos captaram uma insistente melodia próximo dali. Parecia ser um som diferente, inédito e contagiante. Minha atenção acabou se voltando para aquele som desconhecido trazido nas asas do vento.
A cada tentativa para apurar o que seria tudo aquilo, minha curiosidade era aguçada na tentativa de elucidar aquele ritmo.
Acabei perdendo o interesse nas fotos e me deixei levar para onde vinha aquele som eletrizante.
Ao me aproximar fui percebendo que aquilo era Rock, mas com uma nova pegada cantada por algum novo grupo.

Fui sendo carregado pelo ritmo e aquilo ia encantando meus ouvidos.
Fascinado parei bem em frente a Galeria do Rock.
Era dali que vinha o som.
Eram duas lojas de discos uma em frente a outra, disputando quem tocava mais alto. Essa disputa acabou atraindo uma multidão de jovens e pessoas curiosas (típica cena paulistana) ( foto da net)

 

Depois de ouvir mais de cinco vezes a mesma música numa das lojas e outras cinco na loja concorrente, me enchi de coragem para perguntar quem eram aqueles caras e o nome da música. Enquanto uma loja tocava insistentemente a música do lado A, sua concorrente replicava somente o lado B do disco. Ambas, lado A e lado B eletrizavam quem as escutasse.
O vendedor prontamente respondeu as minhas perguntas: A música se chama
I Want to hold your hand ( eu quero pegar sua mão ) e quem estavam cantando eram os Beatles.
(foto da net)
E se pôs a dar a ficha inteira dos caras:
“Os caras são um grupo de cabeludos de Liverpool, que acabam de estourar no EUA com os dois lados do disco, coisa até então inédita”. O lado B leva o título She Love you (ela te ama) que a loja concorrente tocava. Um clima de animação ia se formando com a chegada de mais curiosos mesmo após reproduzir pela vigésima vez as mesmas canções. Hoje alguém poderia dizer que talvez fosse coisa do capeta.

Neste momento de minha vida despertava o interesse pelo rock, baladas e músicas lentas (para dançar agarradinho). Porém desconhecia completamente os Beatles.
Aqui do lado debaixo do equador, as noticias demoravam muito a chegar. Qualquer tipo de notícia ou informação demoravam para ser divulgado pela mídia e ao público em geral.
Minha coleção de discos de então eram frutos de heranças, passadas por meu tio (geração dos anos 50 amarradão no Elvis)

Fiz as contas mentalmente e fui ao caixa para comprar meu primeiro Compact Disc. Acabei por esquecer qual fora minha missão de ter ido ao centro da cidade.

Rapidamente retornei pela Av. São João dando uma paradinha na pastelaria que ficava na esquina com a Rua Formosa e ali comer meu pastel favorito, que era de banana, junto com caldo de cana. Enquanto comia fiquei a observar o corre-corre das pessoas que passavam pelo Vale do Anhangabaú.

No trajeto de ônibus voltando para casa “viajei” sonhando ser um dos cabeludos de Liverpool... cheio de garotas ao redor...

Apesar de nunca terem vindo ao Brasil me tornei fã do grupo.
Ouvir as músicas até furar o disco eram as únicas opções.  
A noticia da estréia do filme Help ao Brasil, trouxe uma enorme satisfação aos jovens interessados.

Como não poderia deixar de ser, estive presente na sessão de estréia no Cine Astor no Conjunto Nacional, na primeira sessão. Centenas de jovens com cabelos compridos e roupas parecidas tentavam imitar os cabeludos John, Paul, George e Ringo. A cada música na tela, era seguida pela platéia que cantava junto e batendo os pés no chão aumentando ainda mais o barulho.

Os queridos cabeludos parece que não se esforçaram muito para conhecer o terceiro mundo. Algo desconhecido para eles.

Adoramos enorme produção musical que o grupo deu ao mundo em forma de canções, letras, filmes, desenhos e clips. Mas ficou a mágoa de nao terem vindo por aqui.
Paul tentou desfazer um pouco essa mácula vindo ao Brasil por duas vezes.
Porém nada poderia se comparar se as apresenções tivessem sido com o grupo todo 
Acredito que o Brasil todo iria adora, menos a Luiza que estaria no Canada

Luigy
28/01/2012    

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Vada a bordo Cazzo! 28




‘’O navio Costa Concordia viajava com mais de 4.200 pessoas a bordo quando bateu em uma rocha junto à ilha italiana de Giglio, na noite do dia 13 de janeiro. A colisão abriu um grande buraco no casco do navio, que começou a encher de água e virou. O comandante, apontado como o responsável pelo acidente por fazer uma manobra imprudente, é acusado de abandonar a embarcação logo após o impacto, deixando tripulação e passageiros para trás’’

Curiosidades: Cerca de 100 anos, em 1912, o Titanic naufragou

      Com as investigações ainda em andamento é muito cedo para se faça qualquer juízo a respeito do trágico acidente ocorrido com o Transatlântico Costa Concórdia neste inicio de 2012.
A colisão acabou abrindo um enorme rasgo no casco do navio de mais de 70 metros, que encheu de água, encalhando em um banco de areia e virou.


Além de trágico, o assunto também acabou incorporando cenas da tragicomédia típico dos filmes italianos como La nave vá e Amarcord...
Assim com a própria Itália foi desfesnetrada pela agência de classificação de risco Standard & Poor's quando rebaixou em dois níveis a nota da dívida soberana italiana para BBB+ que acabou levando junto o Capo Berlusconi, as noticias boas parecem que se afastaram da velha bota. Aqui na terra Brasilis, o Palestra também patina.


Agora vem à tona, o “naufrágio” do navio  (que não afundou) perto da Ilha de Giglio.
Numa sequência de noticias pitorescas e desencontradas sobre o acidente ainda estão sendo divulgadas a conta gotas para o público em geral causando demora para se monte o quebra cabeça sobre a realidade dos fatos.


Primeiras noticias divulgada pelo Capitão à emissora de rádio pública RAI, o advogado Leporatti informou que Schettino avisou a companhia proprietária do Costa Concordia a respeito do acidente, "como era seu dever", mas não deu mais detalhes sobre o horário...  
Em conversas telefônicas divulgadas nos meios de comunicação da Italia revelam que tanto Schettino como seus subordinados ocultaram da Capitania dos Portos a magnitude do incidente e se limitaram a comunicar que havia ocorrido um blecaute meia hora depois do choque.
A imprensa italiana divulgou na noite de quinta-feira passada um vídeo que mostra a tripulação do Costa Concordia afirmando que tudo estava sob controle e pedindo para os passageiros voltarem às suas cabines pouco depois de o navio colidir com a rocha que o levou ao naufrágio.


"O advogado de Francesco Schettino, disse seu cliente não é "nem covarde, nem criminoso", apesar de ter abandonado o transatlântico logo após o acidente, antes de todo mundo. Mas Bruno Leporatti admitiu que "não há dúvidas" de que o capitão realizou uma manobra equivocada à frente do navio Costa Concordia - a embarcação saiu do curso normal e bateu em rochas no fundo do mar".


"(Foi) mal na manobra, no abandono do navio, ao não ter dirigido as operações de resgate, ao não ter dado nenhuma ordem. Acho que seu comportamento foi inqualificável e imperdoável", declarou Verusio. "Até admitindo que tivesse caído no bote salva-vidas, (mas) podia também ter voltado ao navio como capitão, não?''


"Gravações elefônicas que foram divulgadas no mesmo dia da sessão judicial, porém, complicaram a situação de Schettino. Na conversa com o chefe da Capitania do Porto, Gregorio De Falco.

O comandante do Costa Concordia, já depois de ter deixado o navio naufragado, recebe ordens para voltar imediatamente à embarcação e ajudar na evacuação dos passageiros. Mas desobedece às ordens


“Ao ter a confirmação de que o capitão Costa Concordia, havia abandonado o navio deixando tripulação e passageiros para trás, o comandante Gregorio De Falco, da Capitania dos Portos chorou de raiva”


'Volte a bordo! - O título de herói ele até pode dispensar, mas o sucesso de suas declarações - que ganharam a boca do povo nas ruas e nas redes sociais - é incontrolável.


A frase Vada a bordo, cazzo" ( volte a bordo Cazzo, em Italiano)    


Depois vazaram na mídia noticias que o Schettino havia escorregado devido a inclinação do Costa Concordia e havia caído dentro de um bote já dentro do mar.

O motivo de tal acidente foi que o capitão do navio saiu da rota e se lançou a fazer uma manobra de retorno quando ele quis se aproximar da ilha para fazer uma saudação a um capitão que mora na ilha acabou se aproximando demais e bateu nas pedras em área mais raza. Soube-se que outras 6 saudações já ocorreram anteriormente.

Manchete da Folha: Comandante nega abandono e diz que caiu em um bote
O capitão foi visto em um bote salva vidas, coberto por uma manta, muito antes de todos os passageiros saírem do navio. 


Interrogado, capitão confessa ter sido vitima de seus instintos e confessou manobra para dar um oi a um amigo,
Posteriormente soube que o uma mulher loira foi vista com capitão do Costa Concordia em jantar e depois subindo para a cabine dele. Ela diz que ele não é seu amante, foi informado também que a loira não estava na lista de passageiros e nem dos tripulantes.
Áudios confirmam abandono do navio:
Depois de varias desculpas o capitão acabou ouvindo uma ordem definitiva:


E lá nave vá
Luigy

domingo, 22 de janeiro de 2012

São Paulo Meu amor -27

São São Paulo Meu Amor
São São Paulo, Quanta Dor... Tom Zé

Parabéns Querida!

Cheguei com um ano de idade pra me curar e nunca mais fui embora.
Aqui encontrei meus amores e me forjei como pessoa e cidadão, acabei criando raízes e também plantando sementes, meus filhos.

Tento retribuir aquilo que recebi, tanto na educação como nas oportunidades que São Paulo me deu.
Uma das maiores alegrias foi o privilégio de ter participado da experiência dos Ginásios Vocacionais.( http://www.gvive.org/ )
     
Minhas raízes são oriundas de emigrantes da Macedônia, Itália e até da Argentina.
Aqui tem de tudo prá todos, onde todas as raças são acolhidas

São Paulo de Piratininga recebeu e ainda recebe, desde sua criação os filhos que batem à sua porta.
O DNA paulistano é forjado pelo: trabalho, dinamismo, diversidade, ritmo, sua personalidade de conduzir e não ser conduzido, sua grandiosidade e vibração incessante
A cidade nasceu sob o espírito aquariano e vem daí sua vocação de abertura para o novo, a a miscigenação e sua constante reinvenção.
O caldeirão das raças está em constante efervescência com pessoas cruzando e ultrapassando etnias.

É por aqui que o Brasil se transforma e é transformado
Durante muito tempo tem sido a locomotiva e o sustentáculo da revolução cultural e política do Brasil.
Apesar de sua grandeza jamais deixou de ser generosa com suas coirmãs.
A cidade é formada de milhões de histórias interessantes, mas ao mesmo tempo desconhecidas e anônimas contrastadas de ineditismos e grandiosidade.
Cidade mutante, assim como mudam seus apelidos que  recebeu e ainda recebe, por exemplo: a Cidade da Garoa, Cidade que mais cresce no mundo, Cemitério do Samba, que ficaram no passado pois ela se transfora reinventando e mudando.
Já foi a cidade que acordava mais cedo. Hoje ela não dorme mais.

As praias dos Paulistanos são Shopping Centers onde até os cachorros já tem vez.
Agora população esta descobrindo a opção dos parques.

Para lazer os paulistanos se dividem em dois tipos de templos: Templos da Devoção (igrejas) e Templos da Diversão (os barzinhos)  
São Paulo não para, pois estamos sempre indo e vindo e até parando nos congestionamentos.
A cidade agora esta se abre para as bikes.

Parabéns cidade que não dorme, por mais que se tente, sempre haverá alguém em algum lugar dentro de você trabalhando e fazendo a cidade pulsar.

Acho que todo paulistano conhece a vinheta famosa da Radio Jovem que diz:  Vambora, vambora olha a hora, vambora...      


TEMPO E A HORA *
Que o tempo não espera, a vida é derradeira
Quem é vai ser, já era de qualquer maneira
O mundo é do “eu quero”
Quem me der é triste, tristeza basta a guerra
E o adeus no amor
Você onde é que estava quando o tempo andou?
Na terra que não pára, só você parou
Vambora, vambora, olha a hora
Vambora, vambora,
Vambora, vambora, olha a hora
Vambora, vambora
Vambora
Que vale é a versão, pouco interessa o fato
Porque a sensação maior é a do boato
Em coisa de um segundo, noite é madrugada
Notícia ganha o mundo, e a gente não é nada
Você onde é que estava quando o tempo andou?
São Paulo nunca pára, só você, parou

REFRÃO
São Paulo que amanheceu trabalhando
São Paulo, que não sabe adormecer
Porque durante a noite, paulista vai pensando
Nas coisas que de dia vai fazer
São Paulo, todo frio quando amanhece
Correndo no seu tanto o que fazer
Na reza do paulista, trabalho é o Padre-Nosso
É a prece de quem luta e quer vencer

* Sinfonia Paulistana, composição de 1974 do paraense Billy Blanco.
Luigy  22/01/2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Uma nova experiência de vida - Velório -26

          Ao ler a história de Jose Camargo Beira no site São Paulo Minha Cidade com o titulo “Um velório nos anos 50” saltou lá de dentro uma passagem semelhante ocorrida nos tempos de infância.

Meu primo e eu caminhávamos pelas ruas do nosso bairro Vila Nova Conceição, mais precisamente pela Rua Natividade, do longe notamos uma aglomeração próximo a casa de um conhecido. Na frente da casa, um amontoado de gente todas com semblantes sérios.

Movido pela curiosidade natural das crianças, resolvemos entrar para ver o que acontecia. Estava na época com oito para nove anos.

Sem chamar muito a atenção fomos entrando tentando não esbarrar em ninguém. O local mal dava pra entrar. Mas com jeitinho, ultrapassamos uma muralha de gente.

Estávamos curiosos para saber do que se tratava.

Ao romper o ultimo obstáculo, demos de cara com um caixão aberto no meio da sala com velas e flores. E dentro dele um homem magro, morto. A vontade era correr e cair fora. Mas aguentamos firme. 

Tentamos disfarçar ao máximo o nosso engano tentando fazer cara de paisagem como exigia o momento.

Era meu primeiro encontro com a morte. Até então nunca havia me deparado com aquele tipo de situação.

Como a situação era nova, ficamos observando como as pessoas se movimentavam. Diversas pessoas iam ao encontro de familiares postados ao lado do caixão para receber as condolências.

Como já estávamos na chuva resolvemos nos molhar e lá fomos oferecer nossos sentimentos.

Depois de fazê-lo demos meia volta em direção a porta para nos retirarmos.

Próximo ao portão havia uma mesinha para que os visitantes deixassem nome e endereço.

Claro que colocamos deixamos ali o nosso endereço.

Nessa época era comum realizar o velório na própria casa onde a pessoa havia falecido.

Passado alguns dias, surpreso recebo uma cartinha.

Era uma cartinha da família do falecido agradecendo a presença ao velório.

Acabei achando aquilo uma “curtição” com relação ao fato de receber cartas. Pois nunca havia recebido qualquer tipo de carta. 

Um mês depois, passando numa outra rua, reparei uma nova aglomeração mais adiante.

Sem pensar duas vezes, fomos entrando.

As pessoas nos olhavam com curiosidade, meninos tão jovens, ali participando, compenetrados no que estava ocorrendo.

Ficamos a observar tudo que acontecia. Eram choros, lágrimas , pessoas tristes que há muito não se viam. Abraços fortes.

Uma bandeja foi atravessada pela sala repleta de sanduíches e sucos. Os adultos eram chamados para sala ao lado onde eram convidados a experimentar licores.

Observamos que havia um tratamento diferente que não havíamos percebido no velório anterior.

Para quebrar um pouco a monotonia do ambiente iam surgindo anedotas e casos engraçados para espairecer a tristeza do ambiente.

Ao final deixamos nossos nomes no registro.

Neste mesmo ano, mais quatro ocorrências como as descritas acima aconteceram no bairro e lá estávamos nós para levar nosso abraço.

O lanche também era algo que já era esperado.

Ao final de um ano recebemos quase sete cartinhas de agradecimento.

Isso de alguma forma me trazia algum conforto.

Os adultos pouco explicavam a respeito. Não entendia bem o que significava a morte, mas de certa maneira me ajudou a aceitar o assunto de forma tranqüila.

Mesmo com pouco entendimento sobre o assunto, de maneira ingênua levávamos o nosso conforto “meio maroto”, a essas famílias com respeito.

Mesmo sendo crianças, aprendíamos de certa forma a encarar o sofrimento alheio.

Hoje em dia, pelos menos nas grandes cidades, os costumes são outros  raramente se faz um velório em casa.

Anos depois, estive muito perto da morte em um afogamento e de certa forma pude encarar o assunto com alguma naturalidade.    

Luigy 

17/01/2012 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Caríssimo Modesto -24

Homenagem ao amigo Modesto Laruccia - publicado no blogue Memórias de Sampa...
 








Cabecinha feita de algodão, um sorriso farto e aberto, um par de olhos faceiros e uma mente brilhante...

Só o vi uma única vez, mas logo de cara deu pra notar tudo o que disse acima.
Pessoalmente nos conhecemos muito pouco, mas já me  sinto privilegiado em conhecê-lo.

Mas é nas palavras que ele esbanja categoria.
Não sei qual é a sua formação, mas vou roubar o titulo que o Marcos lhe colocou:

Ao Mestre com carinho.

Uma das primeiras história que li ao conhecer o Site São Paulo Minha Cidade em 2008 foi justamente o relato
Lua (de) Mel...ada: na Praia Grande... de autoria do Modesto.

Gostei muitíssimo daquela história pela riqueza dos detalhes pintando o cenário da época e todas as peripécias enfrentadas brilhantemente pelo casal Myrtes e Modesto...
Lendo aquela aventura maravilhosa pra quem esta do lado de cá, fui me sentindo incentivado a escrever também sobre a minha lua de mel também foi na Praia Grande com passagens pitorescas.
Desde então foi crescendo aqui dentro uma vontade enorme em compartilhar com as pessoas um pouco das nossas aventuras de vida.

O Modesto nunca soube.
Mas ficará sabendo agora, que a sua história foi responsável e determinante que eu começasse a expor a minha vontade de escrever.
Sim se hoje eu tenho um prazer enorme em escrever, você foi o responsável.
Por isso eu estou publicamente revelando este segredo.
Meu caro Modesto, o meu muitíssimo obrigado e um feliz aniversário.
Um Grande Abraço desse seu novo amigo
< Hipotética foto do Casal Myrtes e Modesto em Lua de Mel

Luigy 10/01/2012
Ah! Sim, no mesmo dia que tomei conhecimento da Lua (de Mel... Ada do Modesto, eu quis redigir a minha versão ocorrida em 05/01/1974 que começava assim:


Http://www.saopaulominhacidade.com.br/listalldata.asp
Lua de Mel na Praia Grande 
     Saboreando as diversas histórias sobre o tema “Lua de mel” no site São Paulo Minha Cidade, como as do Modesto e de outros colegas, tirei do baú mais uma história que aconteceu na Praia Grande...

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Virada do Ano 1967 :Subindo a mais “Augusta” das ruas 23

Subindo a mais augustas das ruas 

Com um litro de Pernod Fils  a tiracolo, e meu amigo com sua garrafa de Cinzano, subimos a Rua Augusta completamente “tocados” em direção a Avenida Paulista.
Era 31 de dezembro de 1967.

O plano era passar o dia no Sitio dos Andradas, da família da minha então namorada
Iniciamos nossa jornada etílica na Galeria Ouro Fino devidamente calibrados rumo ao topo.
No caminho paramos para dar um abraço no amigo Waldomiro de Deus, o artista Plástico Primitivista, que teve a audácia de pintar um quadro da Sagrada Família vestindo Jesus com uma de bermuda e Sua Mãe, de mini-saia.

Waldomiro também usava mini-saia cabelo à lá Black Power para maior visibilidadade. Acabou sendo capa do Jornal da Tarde.
Nesse dia Waldomiro talvez estivesse meio atacado, deveria estar escondendo alguma gata e não estava pra muita conversa. Ao sacar o assunto, levantamos acampamento, desejando a ele um feliz 1968, sem saber que este seria o ano mais complicado para os brasileiros... 

Ele morava quase ao lado da HI- FI, onde tambem funcionava seu atelier. O HI-FI, era o santuário das músicas importadas, que municiava a guerra das rádios Excelsior e a Difusora na época.

Entre goles de Pernod e Cinzano nos colocamos novamente em marcha.
No meio do caminho paramos na Alameda Itu, endereço da turma que nos abrigava naquele tempo, e abraçar os amigos Vadinho, Magôo, Sandra e Dulce, todos embarcados na viagem rumo a Marrakech e pra lá de Bagdá...
Ali ficamos o tempo suficiente para dar um abraço geral na galera.
Seguindo em frente só parando no cruzamento da Augusta com a Paulista, esperando ali a chegada do Ano Novo.
E ali permanecemos tomando nossos drinques em ritmo de conta gota até esvaziar as garrafas.

A meia noite em ponto, nos abraçamos e a todos que passavam por ali.
Fizemos uma algazarra junto com o buzinaço de quem passava.
Algumas pessoa lançavam serpentina e confete nos passantes.
Nos divertimos um bocado.

Duas horas mais tarde, o fígado do meu amigo acusou fragilidade...
Seu estado era lastimavel. Um bode total. 
Completamente fora de si, ele tomara uma postura de forma ereta, para logo em seguida seu corpo pender para a frente fazendo as mãos encostarem no chão, mas sem cair.
Em seguida retomava a posição de "sentido", para depois pender o corpo novamente para frente encostando as mãos no chão. Por mais de meia hora ele ficou se repetindo.
Parecia um polichinelo variando do dramático ao hilário.

Passava das 4 horas, quase amanhecendo. Me lembrei que ainda tinha o dia cheio pela frente...

Nesse momento, ouço uma voz: “sujei nas calças”. Caraca.
Era tudo o que eu não queria ouvir.

Rapidamente deu pra sentir que alguma coisa tinha acontecido.
Assim como um incenso, aquilo tomava conta do ar.
Me deu pânico ao pemsar como iria levar o cara pra casa, todo travado e ainda por cima, com “a mala cheia”.
Precisava encontrar uma solução para o caso e também sobre minha ida para o sitio.
O ‘’perfume” se esparrava ficando cada vez pior, difícil de agüentar.

Com muito custo consegui encontrar um taxi que topasse a empreitada.
Falei com o motorista, que ele o "amigo" havia vomitado e que precisava levá-lo para sua casa na avenida Sto Amaro. Após discutirmos o preço com uma boa gorjeta, ele topou.
Coloquei ele no banco de trás do Ford Mercury abrindo todas janelas abertas e fui na frente com o nariz pra fora.

Chegamos ao prédio que ele morava.
Apertei a campainha. Assim que a porta se abriu, surgiu a figura do pai que perguntava: O que havia acontecido?
Enroladamente expliquei que ele havia bebido umas doses a mais e coisa e tal...
dai o estrago.
Ajudei-o entrar até o meio da sala. O pai dele disse que iria colocá-lo no banho...
Era a dica para cair no mundo.
Passei o dia no sitio extremamente preocupado com o desenrolar da história, pois ambos éramos ainda menores de idade...
Não consigo me lembrar de nada do que aconteceu no sitio, somente das felicitações que recebia: Feliz ano novo, Feliz 1968, quando completaria 18 anos.
Ainda bem que tudo isso agora é passado.
Feliz ano novo para todos !
Um feliz 2@12 para nós todos

Luigy
06/01/2012