terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Summer of ' 65 - Futebol & Arrancadas...012

Algumas aventuras de minha adolescência na cidade de São Paulo eu não posso contar. Pena. Outras eu posso.

No tempo do vocacional, fui passar um dia de feriado na casa do meu colega e amigo Tutuca, em sua casa na Granja Julieta, em Santo Amaro.

Seu nome era Luiz Gonzaga, o terror.
Ele veio transferido da unidade Vocacional de Batatais, o Candido Portinari, para o Oswaldo Aranha no Broklinn.

Estava sempre estava arrumadinho, na estica, com sua botinha de salto carrapeta quadrado e com um pente a mão apra refazer o seu topete.
Ele era muito engraçado. Sempre arquitetando uma coisa nova em mente e alguma loucura também
Seus pais trabalhavam fora.
Convidado que fui, concordei em passar o dia em sua casa.

Na garagem da casa, o orgulho do Tutuca, um Simca Tufão.
O comprimento da garagem era de cerca de 30 a 40 metros por 4 de largura.
Adivinhem o que poderia acontecer.
Nossos papos vertiam sempre de automobilismo para garotas e vice versa.
Neste dia o assunto eram as corridas de Interlagos...
Lá foi ele buscar a chave do Simca.

Durante quase  uma hora fizemos inumeras arrancadas na garagem indo do portão até o fundo, com brecadas bruscas mas sem deixar marcas, depois voltando de ré.
Assim era a nossa aprendizagem.

Depois do lanche, fomos jogar bola na rua junto com outra turma.
Bola pra cá e pra lá por mais de uma hora.

Antes de acabar o jogo, minha bexiga deu sinais de alerta que estava apertada.
Segurei um pouco e continuamos a jogar.

Novamente, outro alerta.

Pedi a ele a chave da casa para eu ir ao banheiro.
Mas o danado se fazia de surdo.
E corre pra cá corre pra lá.
Novamente falei com ele e nada.
E minha bexiga apertando.

A coisa foi ficando feia.
Ele tinha um lado meio sacana... e isso já era conhecido.
Por mais que eu falasse ele não me atendia.
Depois de tanto insistir, ele veio com essa: faz ai no muro e disfarça...

Como não era atendido, acabei seguindo a sugestão e resolvi fazer xixi ali mesmo.
Encostei no muro de uma casa pronto para me aliviar.
De repente vejo a dona da casa vindo em minha direção... e ai não dava mais para parar sobre o risco de molhar toda minha roupa...
A dona da casa parou a uns 3 metros e disse: calma rapaz, eu espero você terminar!
Em sua mão ela trazia uma vassoura...

O jogo parou para ver qual seria o desfecho.
Pensei que fosse levar uma vassourada.

Enfim, terminei...
E lá estava ela para me entregar uma vassoura e um balde para lavar sua calçada.
Sobre meus protestos, mas sem razão e acompanhado de uma vaia enorme do time todo, fiz ali a faxina...
Assim que pude, sai rapidinho e fui embora pra casa tentando esquecer este dia pra sempre.


Alguns anos depois, soubemos que ele havia sofrido um acidente brincando um uma arma e veio a falecer.
Sua imagem jamais vai se apagar de minha memória, apesar de tudo isso ele 
 era um cara engraçado.
Hoje recordo tudo isso de meu passado, misto de alegria e tristeza.
Saudades!

Enviada 05/11/2011
Luigy
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