Tinha por volta de 5 anos, morava na zona norte, no bairro da parada inglesa
Morava ao lado da casa de minha avo materna.
Nossa vida era levada por altos e baixos próprio de famílias da classe media sempre em luta pela sobrevivência.
Meu pai trabalhava no ramo de pintura de casas, prédios e residências finas.
Em nossas vidas haviam momentos de fartura e outros em que era preciso apertar o cinto.
Me lembro de uma fase que meu pai comprara um caminhãozinho para levar escadas e material de pintura para seus locais de trabalho.
Todas as manhas ouvia ele saindo cedinho para o trabalho, abria a porta, ligava o veiculo e logo o barulho do motor sumia.
Cá ficava eu pensando por que ruas ele estaria passando.
Essa era sua rotina de todos os dias.
E eu ficava sempre na expectativa que me levasse dar uma volta naquele “negocio”
O Caminhãozinho era pequeno e mal cabiam duas pessoas.
A carroceria também não era grande, mas achava que eu caberia facilmente nela.
As vezes passavam pela minha rua, caminhões de gás, de doces e vendedores de panelas e outros utensílios de porta em porta, minha imaginação corria solta e perseguindo os carros que passavam.
Meu pai sempre chegava ao anoitecer, quando quase tudo estava escuro e pouco dava para apreciar as formas do caminhãozinho.
Lembro me de apenas uma vez, já era noitinha quando subimos na carroceria para brincar em cima dela.
Fora essa vez, não tenho outras recordações.
Certa vez, num domingo, meu pai saiu cedinho e lá pela hora do almoço, já estava de volta.
E para minha surpresa, trazia minha avó paterna, que eu pouco conhecia.
Era uma mulher magra, de cabelos brancos que pouco sorria.
Ela viera para almoçar e passar o resto do dia.
Quase ao anoitecer percebi sinais de que meu pai deveria levá-la de volta a sua casa.
Pedi a meu pai que me levasse junto.
Ele disse que não seria possível, pois o carro era pequeno e só caberiam ele e minha vó.
Argumentei que poderia ir na carroceria sem problema algum
Meu pai disse que seria perigoso, ainda mais a noite e encerrou o assunto.
Fiquei triste no meu canto, esperando que terminassem de jantar.
Enquanto esperava que terminasse, resolvi ir a até o carro com vontade de me esconder na carroceria.
Encontrei umas cordas grandes e quis me esconder.
Mas me chamaram por algum motivo, acho que para tomar banho e tive que desistir de me esconder
Queria fazer alguma coisa para que meu pai não fosse embora antes que eu terminasse o banho...
Estava quase terminando, quando ouvi meu pai ligar o carro e minha avo se despedindo.
Sai o mais rápido que pude para chegar até eles.
De longe ouvia meu pai acelerar o carro para ir embora.
Mas o carro não ia.
Me aproximei a certa distancia e fiquei observando meu pai a espera de um convite.
Mas o convite não vinha
E meu pai continuava a acelerar o carro, mas sem conseguir sair do lugar
De novo tentava e nada.
Meu pai fazia varias tentativas, mas sem resultado
Ele dava marcha ré e o carro obedecia, para quando era para frente nada acontecia.
Estava escuro. A rua era de terra e sem luz naquela época. Apenas a pequena luz dos faróis iluminavam a rua.
O velho ligava e desligava e voltava a acelerar e o carro pouco respondia
Ele continuava acelerando mas o carro avançava apenas alguns centímetros
Ele continuava insistindo com pequenos avanços
Apesar desses avanços o carro não se lançava, parecia preso a alguma coisa.
Meu pai começou a achar que algo estava prendendo a traseira do caminhão.
Não deu outra.
Havia uma corda amarrada na carroceria que estava ligada ao poste.
Meu pai quase caiu de costas ao tomar ciência da situação, por isso o carro não andava.
Ao recobrar-se ficou mais bravo ainda ao perceber no escuro que o poste estava quase tombando sobre o caminhão.
Por pouco o poste não tomba trazendo uma grande confusão com possibilidade de incêndio e casas que poderiam ficar sem luz
O poste quase veio abaixo depois de tanto ser puxado para frente.
Quase derrubaram o poste que escapou por pouco de causar um sério acidente.
A pergunta que ficava sem resposta era quem teria feito aquilo?
Aquela noite dormi em prantos após ter levado um surra daquelas.
Mesmo com pouca idade, quase derrubei um poste
10/12/2011
Luigy
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