domingo, 11 de dezembro de 2011

EQM -Fronteira da morte, a vida depois da Vida.17

Uma experiência em EQM, Rio de Janeiro fevereiro 1974 - Carnaval

Quem sou eu? De onde vim, onde estou e para onde vou?
Bem cedo essas perguntas começaram a me intrigar em buscas de respostas...

O relato a seguir aconteceu logo após a história “minha lua de mel  na Praia Grande” (janeiro 74)

Logo após o ocorrido na a *Lua Mel (janeiro de 1974), ja me prepaarava para o carnaval. (*relato já publicado no site São Paulo Minha Cidade)
Colocamos na cabeça sair de São Paulo em pleno carnaval para conhecer a cidade maravilhosa, sem qualquer planejamento.
Neste momento curtíamos a onda de acampar.
Qualquer feriado prolongado era motivo para colocar a mochila nas costas e a barraca nos ombros e cair na estrada. De trem, ônibus ou de carona.

Combinamos com outro casal amigo, Wanderley e Beth, dos quais, depois acabamos sendo “cumpadres”.
A idéia surgiu na quarta feira que antecedia o feriado.

Na sexta feira ao meio dia já estávamos dentro da antiga rodoviária perto da Julio Prestes cientes de que não havia mais passagens direto para o Rio.
Para superar o obstáculo, a solução era seguir fazendo baldeação de cidade em cidade com a intenção de chegar ao Rio.
Saímos às 13 hrs rumo à cidade de São Jose dos Campos. Chegando ali trocamos de carro e seguimos para Taubaté. Dali baldeamos para Resende. E de Resende conseguimos passagens para Niterói com chegada 1:30 de madruga de sábado. Foram quase 12 horas de viagem!
Cansados resolvemos procurar um hotel em pleno carnaval.

Tudo lotado.
Barra da Tijuca era o nosso destino e acampar no clube do CCB de quem éramos sócios.
Em Niterói o único lugar que encontramos foi um hotel de curta permanência com dois quartos disponíveis. Com pena da gente cederam as duas vagas.
Entramos às 3 horas e lá pra 6 fomos acordados para desocupar os quartos, pois a demanda havia crescido.

Tomamos café próximo às barcas de travessia e rumamos para a Barra da Tijuca. Por volta do meio dia chegamos ao clube.
Chegamos a portaria do camping mas não pudemos entrar pois estava tudo lotado. Lotadaço. E não havia vagas para forasteiros. Os cariocas tomaram tudo.
Que fazer? Voltar? Não havia ônibus.
Estávamos cansados, moídos e irritados.
Resolvemos tentar uma saída e fomos bater num motel perto do camping.
Logo na entrada um placa Motel Luar da Barra.
Com muita cara de pau batemos lá.
Entre verdades e mentiras dissemos que nosso carro havia quebrado em Niterói, perto da Balsa. E o conserto somente seria possível na quarta feira de cinza.
Era Carnaval.
O gerente muito simpático alegou que seria impossível tal possibilidade dizendo que ali era um motel.
Choramos as pitangas.

Sentimos que ele tinha sido tocado, pois éramos dois casais com certidão de casamento e tudo mais.
Disse que estávamos em lua de mel percorrendo vários estados, mostrei minha certidão de casamento com apenas um mês de casado. A mentira colou.

Para não dizer não em nossa cara, ele fez as contas e chutou um preço alto contando com nossa desistência.
Topamos na hora, pois não havia o que fazer.
Ficaríamos ate 4ª. feira de cinzas.
E assim foi feito.


Um acontecimento acabou marcando profundamente nossas vidas


Domingo de sol, praia cheia, camarões, cerveja e biquínis para encher os olhos da gente.   
Na época eu fazia faculdade de Educação Física e estava bem fisicamente

Estávamos na praia da barra, onde as ondas eram fortes e conforme os nativos, quebravam tipo caixote.

Brincávamos na água na altura da cintura. De quando em quando ondas altas  pegavam muita gente desprevenida.

Numa sequência de ondas, fomos pegos por uma onda mais forte que derrubou todo mundo.
Nem bem ficamos em pé, fomos colhidos por outra mais forte ainda...

Era onda atrás de onda e que levava a todos rolar sem parar pra cá e pra lá
Surpresa, desespero e a impotência para lutar contra as forças da natureza
Fiz várias tentativas para me colocar em pé, mas que pareciam todas em vão.

Por mais que tentasse não conseguia obter resultados, o cansaço deu sinal.
Tentava nadar mas não saia do lugar e nada de ver a situação melhorar

Sentia que vinha uma onda atrás da outra.
Dava ordens para minha mente para continuar a dar novas braçadas, mas o corpo não reagia.
Tentava esticar os braços, lutando com a força das ondas, mas não obtinha resultado algum.
Continuei tentando, tentando...
Dei conta que as forças físicas, já não obedeciam aos comandos mentais
Não via ninguém perto de mim, a cena da praia havia sumido.

Foquei então meu pensamento em Deus e pensei:
Pai, um dia me deste a vida.
Coloco novamente minha vida em suas mãos.  


As cenas daquela tragédia desaparecem de minha preocupação.
Em seu lugar surgem "flash backs" mostrando passagens de minha vida vividas até então como filme com cenas de meu casamento, os presentes e o nosso apartamento rodavam como se fosse um calendoscópio.                  Surge um tunel
Então novamente o cenário muda por completo. Some o desespero. Surge a calma.
Me vejo dentro de um túnel ou caverna com um tipo de luz amena.
Ao largo vislumbro pessoas indo e vindo em várias direções. Boa parte com roupas fora de moda.
Eram recebidas como se estivessem para adentrar num grande evento.
Pessoas carinhosas recebiam a todos.   

Alguém que vem em minha direção e pergunta se estou bem.
-Digo que sim!
Pergunta se estou em paz?
-Respondo que sim!
Uma nova pergunta: Preparado para seguir em frente? Quer avançar?  

Um reflexão me vem a mente. E me dou conta que ainda não havia terminado a faculdade, não tinha uma profissão definida, havia casado porem não tinha filhos ainda.
Experimentava ali um tipo de paz jamais imaginada.
Estava lúcido, em paz e feliz.
Disse que me sentia maravilhosamente bem.

Tentava descobrir quem era meu interlocutor, mas não conseguia pois era algo etéreo.  

Confirmei que me sentia feliz e que gostaria de seguir em frente, ao mesmo tempo algo me dizia que algumas coisas ainda seguiam incompletas, que não havia construído nada... 

Fui perguntado sobre o que desejava fazer então.
- Afirmei que me colocava novamente nas mãos de Deus e aceitaria de bom grado qualquer solução.
Ao terminar de dizer essas palavras tocando o nome de Deus... todo aquele cenário desaparece num piscar de olhos.
Na cena seguinte: me vejo saindo da água em direção a praia de mãos dadas e sorrindo, sem entender o que acontecia.    
Rimos todos por algum tempo sem qualquer tipo de explicação.
Sempre li muito, mas jamais havia lido algo parecido.
Tempos depois alguém falou a respeito dizendo: ter sido uma experiência próxima do que chamam de morte ou perto do Portal do Umbral.

Anos mais tarde, caiu em minhas mãos um livro chamado Vida Depois da Vida, de um médico canadense. Nele havia relatos de casos recentes e antigos de centenas de pessoas com episódios iguais ou parecidos.
Ele era médico em um hospital que teve contato com inúmeras pessoas que voltaram dessa ‘viagem” trazendo diversos detalhes que mostravam um padrão comum.     

Para mim foi a maior experiência de minha vida.

O que ficou de tudo isso para mim?
- perdi aquele medo que todos temos em não querer enfrentar a morte e o medo de morrer. Passei a entender a morte como algo parecido como acordar, dormir, acordar e assim por diante... e estarei pronto a qualquer momento que for chamado.  
- que é possível experimentar a paz.
- que a vida não termina com a morte física. E que é possível existir a consciência depois da morte.
- que os desejos e inquietações de quem morre, continuam e não cessam...
- que existe algo além de nossa pequenez
- que este experimento me fez acordar para a vida e descobrir como atuar e melhorar minha auto estima. Deixei de ser passivo na vida tomando as rédeas e controle de meus destino abandonando o piloto automático.
- consegui abrir os olhos para outras dimensões e perceber anjos disfarçados em pessoas em momentos da vida dando sugestões de caminhos... 
- Anos depois entrou em minha vida uma madrinha espiritual com quem troco experiências 
- Fui estudar psicologia, para buscar o lado racional dessa experimentação, mas encontrei uma ciência parada nos século xix


No momento seguinte, eu me vi tentando colocar os pés no chão e sem conseguir.
Avistei perto de mim, a Imma, minha mulher e minha comadre Bety. Vi que elas estavam desesperadas tentando tomar as rédeas da situação. Por diversas vezes tentei ajudá-las empurrando-as para a praia.
Fiz várias tentativas que pareciam em vão. Sem obter resultados, o cansaço deu sinal. A partir de então passei a cuidar da minha situação que não era boa.
Tentava nadar e não saia do lugar e nada de ver a situação melhorar.

Dava ordens para minha mente para continuar a dar braçadas, mas o corpo não reagia.
Tentava esticar os braços, lutando com a força das ondas, mas não obtinha resultado algum.
Continuei tentando, tentando... Já não via ninguém perto de mim.

Minhas braçadas eram cada vez menores.
Fui me sentindo cada vez mais fraco e neste momento de aflição recorri a DEUS.
Pensando NELE falei: PAI, VOCÊ me de deu a vida. Neste momento, minha vida está em suas mãos.

Um Filme então se desenhou perante meus olhos: Cenas de minha vida, o apartamento que havíamos montado, os móveis comprados. Tudo isso passou ante os meus olhos como se fossem Flashes.
        
Sem mais sem menos, tudo mudou, acabaram-se os flashes, a praia e todos sumiram. Cessaram o desespero e a gritaria
Agora a sensação era de calma e tranqüilidade. O medo se fora.

Tento entender o que acontece e onde estou. Percebo que estou em algum lugar não muito claro, diferente da luz da praia.
Parece que estava em algum lugar que lembrava uma penumbra, mas sem saber nada.
Miro a minha frente vejo algo que parecia uma porta de entrada...
Me aproximo dela e a iluminação vai clareando.
Percebo estar numa porta de entrada muito ampla levemente iluminada como se fosse luz de vela.
A sensação era boa e ia melhorando cada vez mais.
Parecia que estava num local parecido túnel ou uma caverna muito grande e alta. Não se conseguia ver onde começava ou acabava.
Havia inúmeros deslocamentos indo e vindo, mas eu só distinguida as silhuetas.
Alguém, com uma energia muito forte e serena se aproximou e me fez perguntas:
Tudo bem com você?
Respondi: Estou ótimo, nunca estive melhor!
                A sensação que experimentava era a melhor possível.
De novo perguntaram: O que você quer? Seguir em frente ou voltar?
Por um instante me dei conta de minha situação.
                Minha resposta foi que experimentava ali algo indescritível, maravilhoso e que jamais soubera que fosse possível existir. E que adoraria continuar.
E de novo outra pergunta: Já decidiu o que pretende fazer?
                Esta pergunta trouxe de volta um chamamento, a responsabilidade talvez.
                E respondi mais ou menos assim: Gostaria de seguir em frente, porem há coisas que deixei por terminar. Me casei há pouco tempo e nem filhos eu gerei. Ainda não me formei e nem sei o que quero fazer da vida. Parece que até então só estive brincando na vida. Porém pensando bem minha vida está em falta... Não sei o que fazer. Coloco minha vida novamente nas mãos de DEUS.
                Ao dizer a última palavra a cena toda mudou. Minha percepção agora era que estava saindo da água com ela na altura da canela. Eu estava de mãos dadas com a Imma e dando risadas do susto que passamos.
                Os quatro passaram mais ou menos a mesma situação, cada um com suas peculiaridades.
                Trocamos alguns comentários por algum tempo, depois o assunto sumiu de vez.

Somente alguns anos depois caiu em minhas mãos um livro chamado Vida depois da Vida.
Após terminada a leitura me dei conta do que havia acontecido e que muitas outras pessoas haviam passado por situações parecidas.

Foi então que percebi as situações semelhantes que pessoas haviam  descrito eram as mesmas que eu havia percebido, por exemplo: Túnel ou cavernas que terminam em luzes
 "Indescritível" é o adjetivo que mais aparece nos relatos de EQMs. A experiência é inefável - impossível de ser reproduzida com fidelidade em palavras. Ao que parece, a comunicação flui sem linguagem, os sentidos não atuam do jeito regular e nada se assemelha muito às coisas deste mundo.
A sensação que fica só pode ser descrita por alguém que tenha passado pela mesma viagem. Os depoimentos são semelhantes, mas nunca iguais. O túnel, descrito por tantos, assume formas diversas.

Ponderações após o acontecido:
Parei de brincar na vida e com a vida. Mas nunca deixei de levar a vida com alegria.
Tenho a crença de que a vida não termina com a morte física. Nossas lembranças, nossas sensações e 
nossa ansiedade não cessam.
Meus valores abstratos aumentaram.
Fiquei mais desprendido da ganância dos valores materiais e fazendo melhor uso deles.                                      
O medo da morte se evapora. Fica uma postura sensata dos que escaparam de morrer por um fio.

Acredito ter ganho uma nova chance para poder atuar com maior discernimento, poder retomar antigas lutas e tambem estar aqui para contar mais uma história.                                                                               Sei que alguns poderão contestar tudo que foi dito. Mas isso fica no campo da crença de cada um.
Trata-se de uma experiência indescritível, isto é, que não a experimenta fica sem poder de avaliação.
O mesmo se pode dizer em relação ao ato sexual, uma experiência com LSD, pessoa que foi sequestrada, ter levar um tiro ou quase morrer afogado. 
Somente quem experimenta é pode ter argumentação para ser a favor ou contra. Firmar um ponto de vista baseado apenas na fé que alguem lhe tenha imposto, nao pode e nem deve servir como de ponto de vista pessoal. 
Luigy

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