Meu avo paterno Etso Naunmov Veslievski (Cristo Naum Marques)
nasceu na Bulgária, em uma região que hoje pertence a Macedônia
Histórico:
Francisco Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, é assassinado durante sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina)
Essa manchete foi o estopim para o conflito que desencadeou a I Guerra Mundial em 1914/1918.
Instala-se o caos na Europa e no mundo civilizado
Após reconquistar sua independência como principado da Bulgária em 1878, o povo bulgaro ainda teve que lutar para se tornar pais livre novamente fato que ocorreu em 1908.
Foi no meio desse cenário que em 21 de abril de 1890 nascia na Bulgária, quase as margens do Rio Danúbio, Etso Kristo Naunmov Veslievki (y).
Na década de 10, guerras surgiam em todos os cantos da Europa.
A família de Etso Kristo habitava pequena vila próximo ao Danúbio e com a fronteira com a Macedônia. Essa vila de... com tantas guerras e divisões hoje pertence a atual Macedônia.
Guerra por novas fronteiras acabavam com todo tipo de plantações, que eram o sustento das familias e proviam sua subsistência.
Os campos deixaram de produzir alimento para as famílias.
Quase todos acabavam abandonando as terras de origem para buscar segurança e comida. Famílias inteiras deixavam para traz tudo que pertencera as suas famílias por diversas gerações.
Os mais velhos resistiam abandonar as raízes.
Porem os jovens são sempre impelidos por desejos nem sempre muito claros, que buscavam novos horizontes e novas chances de vida para sair do sofrimento e da guerra.
Assim como a maioria dos jovens da época, fizeram os quatro irmãos Etso Kristo (Edson), Kimi (Joaquim), Pere (Pedro) e Elo (Hilo), todos da família Naunmov Veslieski (i), buscando alternativa de vida nova.
Saíram da Bulgária em busca de um sonho, que era fazer a America, e quem sabe um dia voltar.
A saída dos quatros irmãos se deu após o ultimo natal (1914) em família com a benção dos pais Naunmov e Anna.
A viagem
No dia seguinte puseram-se em marcha.
Da Bulgária passaram pela Grécia pela facilidade do idioma.
Dali conseguiram um chegar a Itália de Barco.
Depois atravessaram a França até chegar à Espanha onde pegariam um navio para Nova York.
Todo esse percurso fora feito caminhando durante o dia e descansando a noite em plena guerra.
Foram cinco meses de caminhada passando por todo tipo provação durante o rigoroso inverno europeu com objetivo de guardar dinheiro para a grande viagem de navio e atravessar o Atlântico para fugir de vez da guerra na Europa.
Aliviados por terem cumprido parte do plano, chegaram a Barcelona, na Espanha, quase mortos de cansaço.
A travessia se daria pelo Vapor Transatlântico Príncipe das Astúrias, pois a Espanha se mantivera neutra na 1ª. Guerra Mundial.
Saíram de Barcelona no dia 17 de junho de 1915 com espectativa de 30 dias de viagem.
Durante a travessia surgiram as primeiras seqüelas da longa caminhada.
Etso e Elo pegaram pneumonia após algum tempo nos porões do navio. Elo acabou se curando com mais rapidez. Com Etso foi um pouco mais complicado.
A chegada
Etso acaba sendo barrado pela emigração por ter contraído a Pneumococix.
Seus três irmãos, Elo, Kimi e Pere conseguem o visto de entrada.
E ficam torcendo para que Etso também consegua.
Este fica mantido 40 dias em quarentena. Para então se decidir pelo o impedimento de sua entrada.
Seus irmãos se fixaram em Ohio e acabam constituindo famílias.
Ao que sabe nunca mais voltaram ao pais de origem.
A separação.
Acabaram colocando-o no próximo navio que faria escala final em Buenos Aires.
Etso acabou indo para argentina.
Após cuidados a bordo durante a viagem, acabou desembarcando em Montivideo.
Receoso de contrair doença novamente desejava buscar oportunidades mais ao norte, já que no Uruguai o frio era bem intenso no inverno.
Acabou chegando a fronteira do Rio Grande Do Sul.
Ali soube que estava em preparação uma grande caravana de colonos em carroções rumo ao Mato Grosso.
Juntou-se a caravana e então atravessaram a Argentina com destino ao M.T.
Ali conhece um jovem filha de pais brasileiros Espindola Vargas que tinham uma filha nascida em campos de passagem pela argentina, em Rosário.
Uma nova vida
Acabam se casando em janeiro de 1918 e se estabelecem em Campo Grande.
Um anos depois nasce o primeiro filho dos 12 que tiveram, mas somente oito viveram: Sebastião, Ana, Celina, Noêmia, Celeste, Arnaldo, Nilton e Sinésio.
Mais tarde adota um nome mais brasileiro Cristo Naum Marques e todos os seus filhos levaram esse sobrenome.
Aqui trabalhou na Noroeste do Brasil na implantação de ferrovias. Foi trabalhando ai que fez uma grande amizade com a pessoa de origem portuguesa que lhe sugeriu o sobrenome Marques.
Mais adiante se estabeleceu como proprietário de um grande armazém de secos e molhados na periferia de Campo Grande.
Atuava como tradutor aos emigrantes eslavos e russos que chegavam a cidade.
Depois de longo tempo sem contato, Etso ou Cristo, ainda tentava buscar o rastro de seus irmãos. Não se sabe ao certo se foram trocado algumas cartas.
Como muito tempo passado não ficou muito claro o que ocorreu nas relações entre eles depois da separação ocorrida em 1915.
Apesar de falar várias línguas em virtude dos países que passou, pouco interesse teve em passar aos seus filhos a língua mãe.
Porém passava muita informação aos filhos mais velhos sobre as peripécias e os feitos de Alexandre, o Grande.
Ele acabou morrendo em 1945 com antigos resquícios da antiga pneumonia.
Em 1995, seu filho mais velho quis lhe prestar uma homenagem, ao dar o nome de seu pai a uma rua no bairro onde morava.
A rua chama-se Cristo Naum Marques com o cep 04813-080, Santo Amaro -
Buscando contato
Nos anos 50, um parente nosso, esteve nos EUA e foi a procura dos tios Vesliveski em Buffalo.
Parece que um dos irmãos esteve no Brasil nos anos 40 ou 50 a procura do irmão, colocando anúncios em jornais e rádios.
Como morava longe dos centros são Paulo e rio, os contatos não se concretizaram.
Na década de 50, um parente nosso este nos EUA e foi a procura dos tios em buffalo levando um cartão com endereço do Kimi. Mas não conseguiu contato
Nos anos 60, uma prima de origem eslava, Valquiri, que morava em Corumbá, veio morar em casa de um dos filhos de Etso, Sebastião (meu pai) e ficou por um ano em nossa casa no aguardo do visto de entrada. Ela tinha parentes lá.
Já morando no Estados Unidos nos anos 90, ele teve contato com pessoas de origem eslavas que diziam ter parentes no Brasil.
Depois de algumas trocas de informações acabou se confirmando que essas pessoas eram filhos e netos dos irmãos de Etso: Kime, Pero e Elo.
Fizemos contato com Dorothy e Dona filhas de Kimi. E com Ratko, filho de Pere.
Ainda sem contato soubemos de Sonko que mora no Canada, que era filho de Elo.
Para complementar a arvore genealógica conseguimos apurar todos dos descendentes deles.
Inúmeras cartas foram trocadas no inicio dos ano 2.000 que moravam em cincinati e springfils em Ohio
Durante algum tempo trocamos cartas e emails com as filhas de Dorothy e Dona. Mas com mudanças de emails perdemos o contato.
Por elas soubemos do primo Ratko.
E com ele trocamos cartas.
Certa vez ele nos ligou no natal e por vários minutos travamos uma pequena batalha português x inglês. Houve mais choro que palavras.
Por ele soubemos da existência de um primo Nelko Nelkovski que mora em Skopje, na Macedônia. Temos contato via facebook, mas a língua ainda nos impede de uma maior aproximação.
Esta em nossos planos uma viagem a Skopje para conhecê-lo.
Antes disso vamos criar coragem de estudar uma ou duas línguas para poder encarar e facilita esses contatos.
E quem sabe também uma viagem a Worth, Illinois para matar a saudade com o primo Ratko, já que temos a mesma idade.
Conseguimos encontrar no facebook alguém com o nome Sasha Veslievski. Aguardamos o resultado.